O que eu não aprendi com a Seleção Brasileira sobre liderança

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Nessa semana o Brasil jogou pela Copa América e perdeu para o Uruguai, nos pênaltis. No momento mais decisivo, em que os jogadores se preparavam para a batida dos penaltis, a SporTV mostrou em um frame do vídeo os diferentes estilos da liderança de cada um dos técnicos. Do lado brasileiro, Dorival fora da roda de conversa com seu time. Do lado uruguaio, Bielsa no centro da discussão e orientando os detalhes finais - que levaram o Uruguai à vitória.

Veja na foto:

O que isso pode nos mostrar como líderes?

Eu interpreto de forma bem pragmática: que existem diferentes formas de liderar. Não tem jeito certo ou errado, a única coisa que precisa existir é coerência entre discurso e prática.

Seria muito fácil agora criticar o Dorival. A imagem da transmissão (sem som) dá a entender que ele foi ignorado pelos atletas, que tentou falar algo (quando levantou o dedo), que se frustou por não entrar (quando coça a cabeça). Mas são só apenas interpretações possíveis. As razões podem ser outras. E, segundo ele, são. Em entrevista à TNT Sports, ele explica que aquele é um momento de concentração dos jogadores, e quem ele NUNCA entra nessa rodinha, nem mesmo quando treinava outros clubes. Dorival acrescentou dizendo que o papel dele já havia sido feito antes do jogo: definindo os batedores e orientando o que a área de inteligência da CBF tinha sobre os batedores uruguaios. Se for isso mesmo, existe coerência.

Já Bielsa... aparentemente estava com sua prancheta dando orientações. Eu acredito que, assim como Dorival, ele também tivesse feito uma lição de casa, previamente. Com tudo definido, ele provavelmente estava ali lembrando seu time das coisas mais importantes, dos pontos de atenção, dos treinamentos, Talvez, e eu quero muito acreditar nisso, ele só estivesse ali para mostrar que está junto dos seus jogadores na hora H, independente do resultado.

O mesmo casaco branco de Zagallo

Ao olhar para a imagem do Dorival, usando aquele casaco branco do uniforme da comissão técnica da Seleção Brasileira, me lembrei de outro personagem. Um cara de gigantesca história como jogador e técnico. Mário Jorge Lobo Zagallo. Fui procurar uma foto do Zagallo para ver se era isso mesmo, e minha memória estava certa. Na procura, achei um comentário do jornalista Mauro Cezar Pereira, contando uma história da Copa do Mundo de 1998, quando o Brasil enfrentou a Holanda nos pênaltis. Uma situação semelhante à essa de agora.

Mas diferente de Dorival, Zagallo teve uma postura bem mais participativa, como pode ser visto nesse vídeo:

Ele foi andando pelo campo, gritando e gesticulando: "Vamos ganhar isso! Pode dar certo!", para motivar e dar confiança aos jogadores. E deu certo. Brasil passou pela Holanda e avançou, apesar de não ter ganho da França na final. Anos mais tarde, o goleiro desse jogo, o lendário Taffarel, declarou que lembra do Zagallo chegar bem próximo, segurar na sua cabeça enquanto o incentivava. Ele fez a diferença.

A verdade é que nós todos podemos ser lembrados do quanto nossas ações - ou a falta delas - podem influenciar as pessoas ao nosso redor. Seja lá qual for seu estilo de liderança, lembre-se que tem alguém que pode precisar ouvir uma orientação sua, ser lembrado de algo que você domina, contar com sua experiência ou receber uma palavra de incentivo.

Assim como no futebol, tenho certeza que na vida esses pequenos gestos altruístas também contribuem para grandes vitórias.

Até o próximo Grimório,

Chris

PS: Como torcedor rubro-negro, confesso que preferia que o espírito do casaco que Zagallo um dia usou tivesse levado o Dorival e sua seleção a passar de fase. Assim, os jogadores uruguaios do Flamengo já estariam a caminho daqui do Rio de Janeiro, prontos para defender seu clube.

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