Estou com dificuldade de voltar a produzir conteúdo

Quase no apagar das luzes de 2024, hoje sentei para escrever.

Você já reparou como é raro encontrarmos estudos de caso sobre fracassos? É compreensível, afinal, queremos nos espelhar nos sucessos. Mas acredito que há aprendizados valiosos em ambas as perspectivas.

Meu objetivo aqui é provocar uma reflexão nos leitores que - assim como eu - frequentemente se questionam sobre o que realmente desejam comunicar em seus conteúdos.

O caso Mr. Beast: popularidade sem conexão real

Vamos abordar o elefante (ou a besta) na sala: Mr. Beast. Talvez você não o conheça, mas esse jovem é um fenômeno do YouTube, acumulando bilhões de visualizações e milhões de seguidores. Um sucesso estrondoso e inquestionável em termos de popularidade e faturamento. Recentemente, porém, ele se viu no olho do furacão quando ex-funcionários o acusaram de criar um ambiente de trabalho tóxico.

Entre outras acusações, que ainda estão sob investigação.

O que mais me intrigou não foram as acusações em si, mas a reação do público. Muitos rapidamente viraram as costas para ele. Como alguém conquista um número tão expressivo de inscritos no YouTube sem dominar a arte de criar conteúdo? A resposta, creio eu, está no fato de que, apesar de toda sua popularidade, Mr. Beast nunca realmente se conectou com seu público em um nível pessoal.

Reflita: o que sabemos sobre Jimmy Donaldson, o ser humano por trás do Mr. Beast? Praticamente nada. Ele construiu uma marca pessoal baseada em vídeos grandiosos e desafios extravagantes, mas negligenciou mostrar quem ele realmente é. O resultado? Quando a crise eclodiu, não havia uma base sólida de confiança e conexão emocional com o público para sustentá-lo.

A armadilha do conteúdo

E não é um fenômeno exclusivo do exterior. Aqui no Brasil, temos exemplos em abundância.

Podemos citar um caso recente, em 2024, do ex-CEO da G4 Educação. Criador de conteúdo experiente, ele vem ao longo dos anos aprimorando a qualidade técnica dos seus vídeos. Produção impecável, edição de primeira, técnicas de persuasão orientadas para fazer seu funil de vendas explodir de leads e conversões. Mas e o conteúdo em si?

Infomoney

O indivíduo tornou-se um especialista em viralizar suas ideias, mas será que realmente sabemos o que ele defende? Além das posições políticas (um caminho fácil para viralizar no mundo polarizado em que vivemos), o que mais compõe a essência desse líder? Aí reside o perigo: quando nos concentramos excessivamente na forma e negligenciamos a substância, corremos o risco de construir uma marca pessoal vazia.

O sócio dele, Alfredo Soares, chegou a lançar um livro em 2023 abordando branding pessoal. Mas será que a teoria se aplica na prática? Porque, convenhamos, falar sobre autenticidade é fácil. O desafio real está em abrir o jogo, mostrar vulnerabilidades, medos e lutas reais.

Um novo prisma sobre personal branding

O verdadeiro branding pessoal não consiste em criar uma persona perfeita. Trata-se de ter a coragem de se mostrar como você é, com todos os seus defeitos e qualidades. É sobre estabelecer uma conexão genuína com seu público, baseada em valores reais e experiências compartilhadas.

Posso citar meu próprio exemplo: desde 2011, produzo conteúdo em blog, YouTube e LinkedIn. No entanto, enfrento uma enorme dificuldade em manter uma frequência - especialmente após a pandemia. Às vezes, sento para escrever (como agora) e, no meio do processo, percebo que não era bem a abordagem que eu gostaria de trazer, e acabo não publicando - o texto vira um rascunho.

Será que isso só acontece comigo? Tenho certeza que não. Contudo, é muito mais difícil encontrar um artigo falando sobre "estou com dificuldade de voltar a produzir conteúdo" do que "os 7 gatilhos mentais que você precisa usar no seu marketing para reduzir objeções e triplicar as vendas neste mês".

Abordar vulnerabilidades parece uma excelente ideia para uma editoria fixa no plano de conteúdo do Tallis Gomes e do Mr. Beast, e quem sabe possa ser uma editoria sua também.

Chris

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